Para ocupar cargos públicos, deveria ser um imperativo conhecer conceitos básicos de gestão. E isto pode ser facilmente conseguido com um treinamento de 24 h.aula. A falta de tais conhecimentos acarreta equívocos imperdoáveis. Há pessoas que não sabem sequer o que é um problema. Como “gerenciar é também resolver problemas”, a maioria dos dirigentes nunca vai desempenhar bem as funções.
Define-se problema como o mau resultado de um trabalho. Exemplo, os resultados nas áreas de educação e saúde são péssimos. Todavia, se forem feitas
perguntas a respeito de problemas da área da saúde a atuais dirigentes, vão prontamente responder que é falta de médicos. Ora, o resultado que se espera da área é um bom atendimento, eficácia nos tratamentos, entre outros. Ter muitos médicos não é o objetivo fim da área. Médicos podem ser causa de maus resultados, assim como vários outros fatores. Logo, gerenciar é identificar problemas, fazer detida análise das causas (são muitas!) que acarretam os maus resultados, hierarquizar as causas (felizmente, o Princípio de Pareto ensina que poucos são vitais e muitos triviais), construir um plano de ação e atacar de foram sistemática e persistente as causas importantes.
Já vi a atuação de médicos em comunidades carentes. Enviados por uma empresa estatal, visitavam uma vez por mês acampamentos de trabalhadores. Não havia recursos para fazer diagnósticos. O jeito era prescrever algo que pudesse fazer bem, sem segurança de que iria debelar os supostos males. A pessoa reclamava de dores abdominais e desânimo, p.ex. O médico olhava a pálpebra para ver se indicava anemia e apalpava o abdômen. Depois, a receita padrão: vermífugo e complexo vitamínico. Era o máximo que podia fazer. É claro que muita gente se sentia melhor com esse tratamento, pois anemia e verminoses eram males que acometiam a maioria.
Não é diferente o que se encontra hoje. Comunidades sem postos de saúde, municípios com hospitais sobrecarregados que têm macas pelos corredores, sem o mínimo de condições operacionais. Há até postos de saúde bem equipados em periferias de grandes cidades, mas sem o mínimo de segurança, com histórico de numerosos assaltos. Como então convencer médicos a trabalhar nestes locais? Há prefeituras que oferecem salários razoáveis, mas não oferecem condições de trabalho, de bem servir à comunidade e de o médico progredir tecnicamente na medicina. É, portanto, um erro dizer que o “problema da saúde é falta de médicos”, sem um estudo aprofundado das causas dos maus resultados. No entanto, dirigentes amadores o fazem. Podem ser até bons técnicos nas suas áreas, mas nada entendem de gestão.
Perguntem a um dirigente da educação quais os problemas da área. Sem a menor cerimônia, de supetão, irão responder que são os baixos salários e a má formação dos professores. Vão dizer também que é falta de recursos financeiros( ora, o Brasil é dos países que mais investem em educação, mas os gastos são de má qualidade). De novo, estes itens não são problemas, são causas e possivelmente importantes. Problema é o baixo desempenho no IDEB, p.ex. Em suma, sem identificação correta dos problemas e análise das causas, corre-se o risco de não melhorar os resultados, perder precioso tempo e potencial humano.
O povo foi às ruas pelos serviços públicos, cuja qualidade é baixíssima e desproporcional ao montante de tributos arrecadados. Em vez de identificar os maus resultados( problemas) e priorizá-los (aliás, isto deveria ter sido feito no início do mandato) e atacar as causas vitais, a presidente, rotulada de gerentona, lança propostas polêmicas(já caíram em descrédito) para iludir as pessoas, orientada por marqueteiro que selecionou temas para desviar o foco das pessoas. Providencialmente, a discussão sobre a espionagem dos EUA ajudou a cumprir esse objetivo. Assim, dirigentes amadores e incompetentes lançam mão de expedientes para engambelar o povo, não enfrentando os verdadeiros problemas que afligem a população. É claro que se dedicam a realizar itens de cunho eleitoral, regados a vultosos gastos em publicidade. É o fim da picada.