Gerenciar é atingir metas. É também resolver problemas, entendendo-se como problema o mau resultado obtido na condução de uma atividade-fim. O método e ferramentas para atingi-las fogem ao escopo deste artigo por se tratar de assunto de cunho mais técnico. Para atingir metas é fundamental que exista liderança. Ao consultar livros de administração, verifica-se que o líder deve ter grande número de qualidades. São tantas que é difícil encontrar pessoas com todas elas, razão pela qual existem poucos líderes capazes de preencher o amplo espectro de conhecimentos, competências e habilidades desejados.
Conquanto seja possível formar líderes, martelando requisitos para a prática satisfatória da liderança, algumas qualidades são inatas. Outras, como o caráter, são trazidas do berço, adquiridas na juventude em ambiente de convivência fraterna no lar e outros espaços saudáveis de interação. Saliento algumas qualidades do líder. Ter profundo respeito pelo ser humano, capacidade de congregar pessoas e motivá-las para atingir os fins nobres desejados. Também a humildade é uma virtude a ser cultivada (humildade vem do latim humus, de onde também deriva o homem. Remete-nos à lembrança de que ao pó voltaremos). Também ressalto que bons líderes são éticos. Valores universais como a honestidade, lealdade, amor ao próximo, apreço pela verdade, entre outros, são práticas constates na vida dessas pessoas. Além disso, segundo Manfred Kets de Vris, considerado um dos principais pensadores das áreas de liderança e RH, “os líderes do XXI devem ter uma boa dose de inteligência emocional” (revista Época, de 13/04/09).
Em desrespeito às qualidades acima destacadas, existem pretensos líderes que praticam o “gerenciamento pelo berro”, forçando pessoas a seguirem suas instruções muitas vezes irracionais. Normalmente, os gritos são recheados de palavrões, dando a entender que, se não houvesse tais palavras, não conseguiria se comunicar. Há também aqueles que usam as pessoas no sentido de obter seus intentos: são afáveis, envolventes, comportam-se como bons amigos. Conseguidos os objetivos, as pessoas são descartadas impiedosamente. Há, ainda, líderes que, em reuniões e outros eventos, destroem colaboradores, colocando-os numa posição extremamente desconfortável, se há alguma discordância ou deficiência técnica. No final da reunião, levanta-se, dirige-se à pessoa atingida e diz: “Sou seu amigo, não leve a mal! Queria ajudá-lo, eu só vou na bola”- mas acaba arrebentando a “canela’’ do indivíduo. Esquece-se de que aquele episódio fica indelevelmente registrado na alma do lesionado. Esquece-se também do princípio básico: elogio faz-se em público, correções em particular. Outro tipo de líder comporta-se como o dono da verdade, tendo sempre razão. Pratica a lógica da fábula de Esopo, O Lobo e o Cordeiro: não importa a circunstância, o outro está sempre errado. Também existe o líder mentiroso. Diz uma coisa hoje, outra amanhã. Tem enorme capacidade para distorcer os fatos conforme com sua conveniência.
Infelizmente, há pessoas em cargos de liderança que reúnem várias dessas nefastas características. Alguém poderia perguntar como essas pessoas atingem posições de “comando”. Aliás, segundo o mesmo de Vris, “comando e controle são coisas do passado”. Talvez sejam herdeiros, representantes de grupos ideológicos, capatazes, entre outros. Como na vida há a lei do retorno, essas pessoas são normalmente respeitadas enquanto estão nos cargos. Depois são desprezadas e esquecidas.
Nos meus 38 anos de administrador como chefe de departamento universitário com vários mandatos, diretor de escola de engenharia, presidente de fundações e empresa, ouso dizer, abrindo mão da modéstia, que fui bem sucedido em atingir metas e objetivos almejados, contando sempre com a imprescindível ajuda de colegas e colaboradores. É importante ressaltar que tive sempre como norte e porto seguro o Evangelho de S. João (15,1e5): Jesus disse “Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. Então, se realizei boas obras, é porque estive preso ao Verdadeiro caule. Entendo que nada foi feito por mim mesmo, mas ousei dizer que fui bem sucedido na arte da liderança. Como percebo isso? Pelo respeito e consideração que pessoas têm comigo quando não mais ocupo os cargos. A razão do sucesso foi inspiração e proteção divinas, o ideal de trabalhar para o benefício do País e seu povo, comprometimento, persistência, o essencial apreço pelo ser humano, procurando entender, ajudar e orientar os companheiros. No geral, a regra básica se resume em amar o próximo, pois o resto é resto.