Há gente que faz malabarismo para permanecer no poder. É o caso do sr. Joaquim Levy, ministro da Fazenda. Não era do ninho petista e não foi a primeira opção do governo. Com a negativa de outros nomes, deve ter sido convencido por empresários, principalmente, a aceitar o cargo. Foi recrutado como âncora para o mercado. Fiquei com a esperança de que conduziria a economia de forma autônoma, segura, sem a subserviência do sr. Mantega. Ora, deveria ter usado este cacife e se imposto na condução da Fazenda. Aceitando ingerências, veio a público com um reajuste fiscal pífio, propondo medidas difíceis de serem aprovadas. E várias o foram pela metade. Era visível o seu desconforto, ao lado do sr. Nelson Barbosa, que parece ter respaldo, anunciando o citado reajuste, no qual os trabalhadores pagaram a maior parte da conta. O governo permaneceu com seus gastos quase intactos. Façamos um paralelo: quando um trabalhador perde o emprego, tem que reduzir drasticamente suas despesas para sobreviver. O governo deveria fazer o mesmo. Cortar custos, de forma implacável, para garantir um superávit primário que desse segurança de que está colocando a casa em ordem. Pelas interferências, se eu fosse Levy, teria pedido o boné.
Recentemente, anunciaram o orçamento de 2016 com déficit de 30,5 bi. Que burrada desmoralizante! Se, na largada, já admitem um rombo de tal magnitude, é de se prever ao final do exercício que o buraco seja mais profundo, como é, aqui, praxe acontecer. Haja vista 2014, em que a presidente pediu ao Congresso para mudar as regras do jogo, prometendo superávit de apenas 10 bi. Nem isto conseguiu. De novo, lá estavam explicando o orçamento os srs. Levy, meio sem graça, e Barbosa, desenvolto como o dono da bola. Chegaram ao desplante de justificar o déficit como uma atitude de honestidade e transparência. Por fora, dando pitacos, Lula declarava-se contra reajustes. Inacreditável! Quer ele que a dívida fique incontrolável?
A reação foi geral, incluindo o Congresso. É claro, um país, empresa ou família que gaste mais que arrecada terá sua dívida sempre aumentada, e a brasileira já é gigantesca. Chega a um ponto que não consegue nem pagar os juros. É calote na certa. Antevendo isto, a Standard & Poor’s rebaixou a nota do país. No passado, Lula da Silva festejou a obtenção do grau de investimento; agora diz que não significa nada. Com receio de que outras agências fizessem o mesmo, partiu-se para rever o orçamento, cortando mais alguns gastos. Mas a grande tacada para equilibrar e produzir algum superávit é aumentar tributos. Ora, não aguentamos mais, já estamos no limite. Repetindo a cena, aparece o sr. Levy, dizendo que a CPMF (cumulativa e inflacionária), agora CPPrev, é contribuição pequenina que se paga sem sentir. Patético! Fico pensando: por que o cidadão não pede demissão? Afinal, ele tem emprego garantido no banco em que trabalhava. Deve ser que o poder seduz e embriaga. Pode ser também que o grupo que sugeriu o seu nome e o sustenta tenha pedido para aguentar as pontas. No caso da possível saída da presidente, cuja permanência está ficando insustentável, dizem, ele então poderia assumir, de fato, a economia do país. Pessoalmente, julgo que não vai acontecer nada. Este governo vai se arrastar até o final, como foi o governo Sarney. Um político, para nos alentar, disse que governo ruim passa rápido. Engano, dura um século e este vai nos levar ao fundo do poço.
Depois da gastança do ano eleitoral, aumentar tributos é uma barbaridade, pois há uma fábula a ser ganha na redução do estado gigantesco. Privatização de estatais e concessões (é preciso que haja condições atrativas e segurança de que as regras serão cumpridas), supressão de uns 20 ministérios (seria uma sinalização emblemática), diminuição de cargos comissionados (isso vai reduzir o aparelhamento do estado), as viagens de burocratas e políticos (o aerolula tem que ficar no hangar. A presidente tem que parar de singrar os céus para entregar casas e fazer proselitismo), etc. Não é que em plena crise o Senado faz a troca de sua frota por carros zero? É um tapa na cara do povo! Com relação a gastos, a prática atual é irresponsável. Ou estão vivendo na ilha da fantasia. Aliás, Brasília deve ser a própria ilha.