Já vivenciei muitas crises. Mas esta é a maior. Nunca antes na história deste país atingimos tal situação, devido à gastança desenfreada para ganhar eleição. Chegar a esse estágio depois de o Brasil dar ares de país grande, de bola da vez, é impensável. Tenho escrito, principalmente, sobre gestão, área a que tenho me dedicado nos últimos anos, pois reconheço que há muito o que fazer para reverter os resultados do país. No denominado Doing Business 2016: Medindo Qualidade e Eficiência, o Brasil caiu mais 5 posições no ranking do Banco Mundial, ocupando a 116ª, no levantamento entre 189 países. Nas organizações, há muitas oportunidades de melhoria, como redução de desperdícios, reestruturação de processos, inovação tecnológica etc. Porém, a maior parte do que se faz é aniquilada pela infraestrutura precária, tributos elevados (ainda falam na volta da CPMF), uso do BNDES para benesses, burocracia, corrupção, desordem fiscal e política, entre outras mazelas. Como motivar para a gestão eficaz, tema que está desgastado? A presidente tinha o rótulo de expert na matéria. Se fosse, ter-se-ia a indicação de que gestão não funciona. Como isso não é verdade, parece que ela não possui os conhecimentos apregoados.
Voltando à crise, vemos que a manutenção da Selic em 14,25% não vai debelar a inflação. Estamos presenciando um círculo vicioso que vai nos levar à insolvência. Juros elevados induzem à retração do crédito, as vendas caem, a indústria desaba; vem o desemprego, a renda cai, as vendas ficam mais reduzidas, o governo arrecada menos e o déficit nas contas públicas torna-se pujante, falando-se agora em mais de 100 bi este ano. Temos a estagflação. Como não haverá economia para pagar os juros da dívida, o Brasil vai chegar ao fim deste exercício devendo perto de 3 trilhões de reais. Investidores, com receio de calote, retiram recursos e trocam por dólares, o que acarreta a valorização da moeda. Como dependemos da importação de insumos para produzir, o repasse da alta do dólar para os produtos realimenta a inflação. Temos hoje a dominância fiscal, situação em que a política monetária perde a eficácia. Para resolver o impasse, é imperioso fazer o ajuste de despesas. Estruturalmente, o estado não pode continuar com esse gigantismo. Não houve um estudo sério para diminuir gastos, apenas propostas furadas, que não saem do papel, anunciadas pela presidente. Por exemplo, os tais 3 mil cargos comissionados foram cortados? Só na Presidência existem 4.500.
Em outras crises, havia pessoas empenhadas em resolvê-las. E agora? Temos um grupo dedicado a salvar a própria pele. Sobre políticos encarregados da condução do país pesam sérias denúncias de corrupção. A presidente, fragilizada e sem saber que rumo seguir, diz que não há corrupção no seu governo. O que dizer da Petrobras? Nos vários cargos que ocupou e ocupa, deveria ter ficado atenta ao que acontecia na nossa maior empresa. Se não viu corrupção, foi incompetência mesmo, o seu gerenciamento foi desastroso. Vejam também a lambança que aprontou com o setor elétrico. Para coroar a sua atuação, perpetrou as chamadas pedaladas fiscais, que não foram só para programas sociais. Isso tem sido motivo de pedidos de impeachment. Do outro lado da praça, encontramos Renan Calheiros e Eduardo Cunha, aos quais é atribuído o recebimento de propinas. Valem-se da posição para troca de proteções, do tipo, por exemplo, o pedido de impeachmnet não anda, se a base aliada barrar a cassação do mandato, no caso de Cunha. As matérias referentes ao ajuste fiscal ficam paradas e são massa de manobra na luta pelo poder. Renan que o diga. Para fazer média com sindicalistas, ele engavetou a Lei de Terceirizações, importantíssima para resolver sérios conflitos trabalhistas. Para completar, Lula da Silva, desmoralizado, tem a desfaçatez de dar palpites na administração do país, focando no ministro da Fazenda e na política econômica. Era mestre em manipular parte da população, mas dessa vez espero que seja repelido. Em síntese, ninguém está preocupado com a situação do país. O povo que se dane. Por isso, julgo que essa é a maior crise, pois não há lideranças com cacife para uma mudança de rumos. Um fato novo precisa acontecer!