Fui convidado pela SER Educacional, holding do Grupo Faculdade Maurício de Nassau, Faculdade Joaquim Nabuco, UNAMA-Universidade da Amazônia, UNG- Universidade Guarulhos, entre outros, para fazer uma palestra no XI Congresso Brasileiro de Administração, realizado de 9 a 11 de junho, em Olinda, PE. O Instituto Aquila está prestando consultoria ao Grupo, o que me deu também a chance de reunir-me com líderes da Instituição. Fiquei impressionado com a pujança da Organização, que tem mais de 150 mil alunos matriculados. Foi uma grata surpresa conhecer um pouco da história do seu fundador, o Dr. Janguiê Diniz. De origem modesta, é hoje um dos grandes empresários do País. À custa de muito estudo/trabalho, conseguiu galgar invejável posição no cenário brasileiro. É alentador aos jovens a constatação de que, com muito esforço e dedicação, mesmo em condições adversas, o Brasil proporciona oportunidades a quem se empenha na busca de seus objetivos. Nesse evento, tive a honra de ser agraciado com a Comenda Maurício de Nassau, entregue pelo Dr. Janguiê Diniz.

 

Para a palestra, atualizei dados do estudo feito por mais de 150 especialistas, com apoio de várias instituições, intitulado “Visão 2030, o Brasil na encruzilhada entre a África e Europa” e publicado pela Veja, em outubro de 2014. É proposto o desafio de o País atingir o PIB de US 24,000/capita, igualando Portugal ou Polônia (valores atuais- tendo como base a paridade do poder de compra-), partindo do PIB de US 14,500, valor de 2015. Estima-se que a população brasileira atingirá cerca de 223 milhões naquele ano, o que significará um esforço ainda maior. Considerando a taxa de crescimento nos últimos 9 anos de 2,2 %, percebe-se que, para alcançar 5,7% ao ano, a tarefa é gigantesca, em vista da trajetória percorrida até então.

 

Como obstáculos ao crescimento, há barreiras institucionais e operacionais. Entre as primeiras, destacam-se corrupção, instabilidade política, insegurança jurídica/direito de propriedade e atratividade de investimentos; nas últimas, enfatizam-se peso do estado, inserção internacional, qualidade da educação, regulação trabalhista, infraestrutura física, eficiência do estado, infraestrutura tecnológica. Constata-se que os fatores positivos são altos para a Coreia e baixos para o Brasil. Nos negativos, o contrário. Nossa situação é desafiadora!

Em 1986, visitamos a Coreia do Sul quando buscávamos o melhor modelo de gestão que poderíamos adaptar ao Brasil. Naquele ano, o PIB coreano era praticamente igual ao nosso. Pensei: como é que iriam conseguir crescer com um dívida alta (US 50 bilhões-considerei altíssima-), população numerosa, território pequeno, sem recursos naturais? O projeto coreano funcionou; o país atingiu um PIB muito superior ao nosso, tem uma indústria pujante e grande inserção internacional. Conseguiu isto à custa de muito trabalho, concentração de esforços na área educacional, apreço pelo investimento externo e aplicação de gestão focada na melhoria de resultados, sobretudo.

 

Há elevada liquidez mundial e ainda vai continuar por muito tempo, já que o FED vai aumentar a taxa de juros gradualmente. Os investidores ainda buscariam o Brasil, pois há possibilidades de ganhos mais elevados. Todavia, as principais restrições para investir no Brasil são infraestrutura inadequada 20%, regulamentos fiscais 17%, carga tributária 15%, burocracia 15%, regulação do trabalho, 12%, corrupção 7%, outros 14%. Ora, sem investimentos não há crescimento. Por outro lado, para inserção no mercado mundial, acordos bilaterais seriam de grande importância. Temos somente três, com Israel, Palestina e Egito, enquanto o Chile, p. ex., tem 56. O Brasil tem preferido alinhar-se com Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba, pouco representativos em perspectivas comerciais.

 

Nossas principais fraquezas deveriam ser cotejadas com o desafio proposto no estudo. A meta de crescimento de 5,7% ao ano é aonde queremos chegar. As barreiras arroladas acima são meios a ser alterados com a finalidade de alcançar o resultado desejado. A aplicação sistemática e obstinada da gestão focada na melhoria dos resultados seria fundamental. Mas pelo andar da carruagem e desorganização do País, infelizmente, estou apostando na direção da África se não houver uma mudança drástica.

PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO No 177