Fica difícil desvendar e relatar o que se passa em Brasília. A maioria da população
reconhece que o momento é de extrema gravidade, que o País está a beira da falência.
As reformas são necessárias para dar o mínimo de segurança a investidores que aqui
se aventurarem a aportar recursos em concessões, privatizações e investimentos de
outras naturezas. Quando se faz uma análise da situação brasileira, constata-se que
estamos defasados em muitas setores, a infraestrutura é sofrível, a produtividade é
muito baixa, educação e saúde em níveis inaceitáveis, a segurança precária, o custo
Brasil elevadíssimo. A degeneração dos últimos anos é visível, demonstrando que
quase tudo está por ser feito ou recuperado. No entanto, a Babel brasiliense é
lastimável. Congressistas, que supostamente integram partidos que dariam
sustentação ao governo, buscam um protagonismo injustificado. Questões que
deveriam ser encampadas de imediato passam a ser questionadas, dando a entender
que o Executivo precisaria suplicar aos excelentíssimos representantes do povo por
apoio. Devem ser reverenciados, bajulados, reconhecidos e gratificados com benesses.
Quanto à oposição, não há como medir palavras para definir a atuação de tais
integrantes. A ideologia mata qualquer sentimento de patriotismo que pudesse
contribuir para salvar o País. Há uma incapacidade total em fazer um mea-culpa e
reconhecer que a responsabilidade pelo buraco em que nos encontramos se deve aos
últimos governos dos quais a oposição fazia parte. Além do mais, seria preciso
reconhecer que o nível de corrupção dos últimos tempos atingiu patamares
impensáveis. Haja vista o número de condenados que participaram dos últimos
governos, estando a oposição engajada na libertação de tais condenados. E no dia a
dia, luta para implementar o caos e propugna pelo quanto pior melhor. Que
compromisso tem este pessoal com o bem estar do povo?
Por outro lado, integrantes do Executivo parecem desalinhados ou desnorteados. É
comum divulgarem assuntos polêmicos e proporem projetos tolos ou inoportunos.
Chego a pensar que se trata de uma expediente para desviar a atenção da oposição e
daqueles afeitos a banalidades. Sempre superestimo a capacidade das pessoas e julgo
que há inteligências superiores capazes de idealizar tais estratégias. A questão se
resumiria em propor projetos bois de piranha aos incautos e desavisados ( a maioria
está nestes grupos). Criticam, vociferam e mostram a sabedoria que possuem;
derrotando tais projetos, ficam felizes. Enquanto isso, os projetos importantes vão
fluindo. Se não for isto, membros do Executivo estão mesmo sem rumo.

PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO 223.