Recentemente, escrevi um artigo intitulado Como exorcizar o pessimismo, mas julgo que as sugestões ali contidas não são aplicáveis a 2022, pois teremos eleições gerais. Teremos que eleger 513 deputados para Câmara (um número exagerado) e renovar 1/3 do Senado. É o segundo Congresso mais caro do mundo, haja vista que um parlamentar brasileiro ganha seis vezes mais que um parlamentar francês ou alemão.
O custo anual deve andar na casa dos R$ 25 bilhões, para salários e regalias. Ainda assim, o desempenho dessa máquina é pífio. Por exemplo, por que a maioria dos integrantes da Câmara não reage ao ativismo político do STF? No Senado, a maioria que o compõe é sofrível, atestada por atitudes em recente CPI. Já seria uma boa medida não reeleger deputado que derrubou o veto do presidente da República, mantendo o fundo eleitoral em R$ 5,7 bilhões.
Tudo indica que a disputa da Presidência ficará polarizada entre Bolsonaro e Lula da Silva. Tudo leva a crer que o “Sistema”, constituído pela mídia que anseia pela volta das polpudas verbas publicitárias oficiais, artistas famosos que surfavam na Lei Rouanet, alguns banqueiros e empresários que muito lucraram com o período petista, além dos ideólogos de esquerda, vão lutar denodadamente para a volta do tempo em que foram regiamente favorecidos. Ressalte-se que nunca antes um presidente da República foi tão sabotado: por governadores eleitos atrelados ao seu nome, por Rodrigo Maia, pelo ativismo político do STF (como guardião da Constituição deveria zelar pela harmonia dos poderes). Na pandemia, o presidente defendeu o tratamento precoce e foi duramente combatido. Hoje se sabe que dito tratamento salvou muitas vidas e a ciência o aprova.
Espero que a população saiba optar por mais Brasil e menos Brasília. Já há um saldo muito positivo: combate à corrupção, marcos legais do saneamento e das rodovias, o leilão do 5G, as concessões, as realizações em infraestrutura, no agronegócio, a posse da Amazônia antes entregues a ONGs estrangeiras. É necessário mais tempo para enxugar a gigantesca máquina governamental, privatizar estatais, realizar as reformas, itens estes que enfrentam morosidade e resistências do Congresso. Do contrário, como ficar otimista neste novo ano?
Publicado na revista Viver Brasil, edição digital, nº 252