Afirmei anteriormente que seria impossível o Brasil voltar à 30ª posição no teste do Pisa em 2030. A educação é a bola da vez, no discurso, mas não vejo a sua priorização, haja vista a amostragem de que dispomos. Por falta de conhecimento gerencial, a maioria dos prefeitos e secretários (as) está perdida em atividades meios, na vã esperança de obter melhoria dos resultados. Vários municípios, ao serem procurados, informam que estão conduzindo muitos projetos e não têm condição de conduzir mais um, na perspectiva de que seria mais trabalho. Pelo contrário, um projeto de gestão possibilita harmonizar todos os esforços para o atingimento das metas, podendo os “tais” projetos serem incluídos no plano de ação e serem conduzidos num contexto otimizado.
É preciso que os dirigentes entendam que um projeto de gestão define com precisão os fatores que devem ser realmente trabalhados para obtenção dos resultados projetados. Para superar tais dificuldades, seria necessário um direcionamento superior que ostentasse credibilidade, top down, em nível de país, para uma abordagem correta na condução das atividades.
Reclama-se que há falta de recursos. Pelo menos em Minas, nunca os municípios foram tão aquinhoados. Há também grandes grupos empresariais que aplicam vultosos recursos em palestras, encontros, seminários, na discussão do “quê”, com ausência do “como”. Investem também em muitos projetos, normalmente em apoio a atividades-meio. Ficam satisfeitos com a divulgação de tais realizações, que servem para encher as páginas de belíssimos relatórios. Se, de repente, os resultados da educação melhorarem radicalmente, tais organizações perderão palanques.
Sou contra o estabelecimento de metas e prescrição de receitas engessadas de como atingi-las. É preciso fazer juntos, pegando na mão, internalizando os conhecimentos para propiciar autonomia. Seria mais produtivo reunir um pool de recursos e formar muitos especialistas e dirigentes educacionais em gestão para resultados, pessoas abertas à inovação e mentes criativas, a fim de que houvesse, de fato, a melhoria do ensino-aprendizagem. Coisa para profissionais diferenciados!
Artigo publicado na revista Viver Brasil – edição 257