Em recente entrevista, o presidente do Banco dos Brics, Marcos Troyjo, fez uma análise abrangente sobre a nova geoeconomia. Um dos pontos relevantes foi a reordenação econômica do mundo, a partir do que ele caracteriza como “talentismo”. Segundo ele, a setorização econômica que compreendia os EUA como o grande mercado, seguido da União Europeia, a China como a fábrica do mundo e o Brasil como a fazenda, está em franca mutação. O fator-chave seria a consolidação da era do “talentismo”, em substituição ao capitalismo puro e simples. E os novos agentes dessa era seriam um conjunto de países asiáticos, não mais somente a China e o Japão. Isso porque fortaleceram e muito a formação de talentos nas últimas décadas.
O Japão foi pioneiro nessa revolução. A China, ao contrário do que muitos pensam, já não mais se baseia em baixo custo humano para produzir, mas em níveis elevados de produtividade e crescente complexidade de sua produção. Outros países asiáticos vêm evoluindo a passos largos em termos econômicos, baseados na formação de capital humano.
O que isso significa para o Brasil? O nosso comércio exterior tende a melhorar com a ascensão desses países asiáticos, já que temos atualmente a política de fazer negócios multilateralmente. E, a julgar pelo histórico, nações que prosperam da baixa renda buscam primeiro a satisfação da demanda alimentar. O Brasil, que já alimenta pelo menos um bilhão de pessoas, tende a ser mais demandado no setor do agro, seu carro-chefe. Desde a década de 70, com iniciativa governamental, capitaneada por grandes visionários, esforços relevantes foram direcionados à nossa produtividade, com a busca de conhecimentos e formação de talentos, que focou no impensável: uso de terras antes improdutivas, como no Centro-Oeste.
Tendo esse exemplo do retorno indiscutível da força da formação de capital humano no agro, fico intrigado em constatar que o Brasil ainda reluta em adotar a educação como política de Estado. Deu certo em muitos países e aqui no agro. A era do “talentismo” é uma realidade e precisamos nos inserir nela. Educação é imperativo. Do contrário, abrimos mão de ser uma potência econômica.