Há mais de 10 anos escrevo para a Viver Brasil. Os artigos versaram sobre Gestão, principalmente na área educacional. Sempre esperando e torcendo, em vão, para que houvesse saltos de qualidade. Estamos avançando a passos de tartaruga, nem sempre atingindo as metas anuais propostas pelo Ideb, enquanto a grande maioria dos países nos deixa cada vez mais distantes das primeiras posições no teste do Pisa ( em 2000, éramos o 35º em leitura, hoje somos 65º).
Nos últimos anos, trabalhamos em vários estados, lutando para mostrar que a Gestão para Resultados é fundamental na promoção de melhorias no ensino-aprendizagem. Consiste em analisar os resultados obtidos, colocar metas de melhorias, descobrir as causas que impedem a melhoria dos resultados, atacá-las de forma perseverante e sistemática e bloqueá-las para que não se repitam. Os resultados melhoram. Mas é preciso tempo para consolidação dos conhecimentos e perseverança em praticá-los. Em muitos estados, o imediatismo foi uma constante. A maioria dos dirigentes fica satisfeita com os resultados preliminares obtidos (longe do potencial de excelência que pode ser atingido), tira proveito da situação nas campanhas de reeleição, por exemplo. Depois da eleição interrompe o programa e opera-se o retrocesso. É um atestado de que a educação não é, de fato, prioridade no país. Há aqueles que nem essa experiência fazem, preferem investir na atividade-meio, cuidando somente da melhoria física das escolas.
Exceção é o Ceará, que mostra razoável nível de qualidade no ensino ( das 100 melhores escolas do Ideb, pelo menos 50 são do Ceará). A explicação: lá estivemos de 2001 a 2006, tempo suficiente para sedimentação e prática dos conhecimentos de gestão. A Gide foi transformada em lei, o que tornava obrigatória a sua continuidade.
Como administrar um sistema que tem 27 redes estaduais e 5.570 municipais, com governantes despreparados e sem sensibilidade para a importância da educação no desenvolvimento da nação? Não há uma liderança nacional e consciência de que a educação é prioritária. A prova disso é que Ciro Gomes, o único político a ter uma proposta escrita de um projeto nacional, texto de 272 páginas, dedica apenas cinco páginas à educação. Está explicado, não precisa desenhar!