“O que já foi, é o que está sendo; o que existirá, já foi, e…”, Ecle 3,15. Na área de gestão proliferam modismos. Na ânsia de conquistar visibilidade e contratos, candidatos a gurus tentam dar novas roupagens a conceitos fundamentais que foram cientificamente estabelecidos, a fim de parecerem diferenciados e modernos. Produzem festival de siglas, capazes de realizar maravilhas para os possíveis clientes, afirmam. Puro engano, não há como encurtar caminhos. Sempre será necessário atuar metódica e persistentemente para produzir resultados. Não há almoço de graça.
Na década de oitenta, quando pesquisamos metodologias de Gestão em vários países, verificamos que o ciclo PDCA, sistema cientifico para atingir metas e resolver problemas, é o sistema fundamental e imutável. É como uma lei da Física. Formulado por Shewhart há 100 anos, largamente testado no Japão por Juran, Deming, Ishikawa, e demais cientistas e engenheiros da JUSE e das empresas. O PDCA sustenta a Gestão pela Qualidade Total(GQT), que adaptamos às condições brasileiras e a difundimos em larga escala, sendo um sistema autossuficiente. Ultimamente, vêm à tona versões ditas ágeis que são, na realidade, variações sobre o mesmo tema, significando “o que está sendo, já foi…”. Outra particularidade: muitas pessoas que se dizem expert no assunto confundem ferramentas com sistema de gestão e, assim, as difundem. Existem inúmeras ferramentas provenientes de várias fontes do conhecimento, como a Estatística, p.ex. Tudo o que existe e vier a ser concebido encontrará aplicabilidade no PDCA, dependendo da complexidade dos problemas. Nos primeiros anos em que difundimos a GQT, apareceram também vários modismos travestidos de sistema gerencial. Eram ferramentas que deveriam ser usadas no âmbito do sistema Fundamental. Com o passar do tempo, caíram em desuso ou foram assimiladas como simples ferramentas gerenciais.
É compreensível que pessoas queiram se destacar por meio de proposições rotuladas de inovadoras. Há 35 anos não havia técnicos capacitados em Gestão. Hoje, talvez, o País tenha uma das maiores taxas de consultores em gestão por 100 mil habitantes. Garimpam um lugar ao sol. Ao longo do tempo, formamos muitas pessoas; e muitos egressos de nossas empresas criaram consultorias médias ou atuam como free lancers. Quem navega no LinkedIn pode constatar isto. É bom para o Brasil, pois pode contar com pessoal para sustentar o seu desenvolvimento. Porém, nem todos conseguem aprofundar na matéria e atuam de forma comoditizada, ao contrário das grandes empresas de consultoria que estão sempre evoluindo.
PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO 331