Em artigos recentes, demonstrei certo otimismo na melhoria do país e arrolei argumentos para justificar tal otimismo. Agora, vejo que a situação vem se deteriorando. A economia é um termômetro que mostra a evolução de indicadores. A inflação se eleva, o desemprego aumenta, a renda média do trabalhador cai, o investimento não vem, grande parte da população está endividada e a inadimplência cresce. Medidas macroeconômicas empurraram o Brasil para a crise, nunca antes vista neste país. É elementar: uma pessoa, uma família, uma empresa ou um país não pode gastar mais do que ganha ou arrecada. Entre nós, essa prática é negligenciada. Para pessoas e empresas, quando se atingem patamares insustentáveis, as consequências são dramáticas, resultando em apreensão de bens e falências. No país, a dívida pública aumenta a cada ano, podendo atingir valor insustentável. Ainda agora, reduziu-se a meta de superávit fiscal; jogou-se a toalha e não haverá poupança para pagamento de juros da dívida. Acho uma irresponsabilidade. Cadê o esforço do Executivo? Continuam 39 ministérios, milhares de cargos comissionados, nada de privatizar empresas estatais. Projetou-se, no início deste mandato presidencial, um arremedo de ajuste fiscal. Está incompleto, e o Congresso não ajuda a sair da crise. O citado ajuste só pune trabalhadores e empresas, principalmente. O Congresso tem criado novas despesas, como aumento do fundo partidário, retirada do fator previdenciário, auxílio-moradia para deputados, entre outros. A Grécia, ao entrar na UE, promoveu a gastança e, como demorou a fazer o ajuste financeiro, encontra-se em situação deplorável. Vamos pelo mesmo caminho?
A atual situação é resultante do calote eleitoral de outubro último: houve aumento do crédito, incentivo ao consumo, divulgação de um país que não existia e as pedaladas fiscais. Vivemos ao arrepio da lei. É como se fosse possível assumir a gestão de um país e conduzi-lo a seu bel-prazer. Tomei conhecimento do leque de infrações cometidas nas citadas pedaladas. Como é possível agir dessa maneira? As medidas tomadas são dignas de quem não sabe a diferença entre democracia e ditadura. Plausível para quem apoia países como a Venezuela, Bolívia e Equador. Até outubro, tudo parecia bem. Várias medidas não seriam tomadas, nem que a vaca tossisse. Pois, no Brasil, as vacas começaram a tossir com frequência inusitada! Ganhou-se a eleição. Pra quê? Não existia uma visão de futuro, um projeto de país, estratégias para fazê-lo progredir. O poder pelo poder. Temos agora estagflação, falta de credibilidade, a indústria em processo de desmonte, desemprego aumentando, o quadro político mostrando as suas debilidades. O Brasil parece “um filme de terror sem fim”, estampou o Financial Times, com razão. Como sair desta? É preciso um fato novo, com urgência. Que 16 de agosto, explicite isto.
Imaginem o seguinte: uma pessoa trabalha além da conta, como assalariado ou como empresário. Faz poupança, depois do recolhimento dos tributos. Se deixar os recursos aplicados na poupança, acaba perdendo para a inflação. Tem, então, a ideia luminosa de aplicar em ações. Raciocina que em empresas de energia e de alimentos não têm erro. Investe na Petrobras. Que mancada! Comprou ações a 40 reais e agora vê o valor cair para 10. Como é possível? Sim, é possível graças à gestão iluminada da Petrobras (dirigentes incompetentes, apaniguados de políticos a serviço de tais políticos). O interessante é constatar que os altos dirigentes do país assistiram a tudo isso. A atual presidente foi ministra das Minas e Energia, presidente do conselho de administração da empresa e, depois, presidente da República. Sendo a Petrobras uma das mais importantes empresas, é impossível não prestar atenção ao que lá acontecia. Mas não sabem de nada. Houve também pessoas que investiram em empresas do setor elétrico. A intervenção desastrada da presidente, no primeiro mandato, desarticulou as empresas e trouxe severos prejuízos aos acionistas minoritários e à população. Que adjetivos devem ser usados para definir os dirigentes dos 12 últimos anos? Submeto à criatividade do brasileiro!