Para sermos competitivos é necessário aumentar a produtividade, ou seja, fazer mais com o mesmo ou com menos. Em empresas que fizeram um bom “para casa” no passado, há oportunidades em torno de 20%: é preciso reduzir custos, combater desperdícios e falhas e proceder a atualizações tecnológicas. Devido a fusões, aquisições e aposentadorias, houve perdas de pessoas capacitadas na área de gestão. Pessoal treinado na década de 90 não está sendo reposto; não tem havido a mesma atitude daquele período. Todavia, entraves maiores estão fora das organizações, tais como logística precária, burocracia, falta de planejamento e gastança do governo, mobilidade urbana, corrupção, carga tributária, justiça morosa, entre outros.
Empreender no País é uma tarefa que requer idealismo e determinação, pois o Brasil não é amigável para esta atividade. Em determinados países, as pessoas são bem-vindas, ajudadas, festejadas por tais iniciativas. Afinal, se propõem a criar empregos e movimentar a economia. Tributa-se o lucro. Aqui, ao contrário, depara-se com forte burocracia para colocar uma empresa em funcionamento. No primeiro faturamento, já há tributação. Em determinados segmentos, o empresário é mal visto e considerado com explorador de recursos naturais e humanos. Quem não sofreu ainda algum tipo de fiscalização? Depois de muita truculência, verifica-se que tudo está correto, mas os constrangimentos ficam. Imaginem, se houvesse irregularidades! Normalmente, gastam muito tempo, dias, meses, fiscalizando quem conduz as coisas de forma transparente. Deveriam gastar tempo atrás de sonegadores.
O País está fadado a ser exportador de commodities, grãos e minérios. Cada vez mais se perde a capacidade de exportar faturados e semifaturados, devido ao baixo valor agregado e custos elevados. A contribuição da indústria para o PIB voltou ao nível da década de 50. Exportávamos aço. Agora, o aço chinês aqui chega em condições vantajosas. Perdemos nossas vantagens por baixa produtividade das usinas, elevado custo dos recursos humanos( salários mais encargos e benefícios), logística precária, entre outros. Com relação a grãos, todos viram o sufoco que foi o transporte e embarque da safra de soja. Recentemente, produtores no Mato Grosso “armazenavam” a supersafra de milho ao ar livre, devido à dificuldade de transporte e falta de silos.
O Congresso decidiu pela retirada da multa de 10% sobre o FGTS, na dispensa de empregados sem justa causa, parcela esta que vai para o caixa do governo. A presidente vetou a medida sob a alegação de que contribuiria para o desequilíbrio das contas públicas em quase R$ 4 bi. Quem nunca empreendeu( e nunca pagou as despesas do fim do mês) tem muita facilidade em repassar a conta a empresários. A redução de custos deveria ser uma obsessão. Constato o contrário. Qual o sentido de a presidente levar 40 pessoas a Roma para a posse do novo Papa? Que fosse ela com um grupo pequeno. Qual a demonstração que se dá quando os presidentes da Câmara e do Senado usam aviões da FAB para excursões particulares com convidados? O presidente da Câmara acintosamente ressarciu os cofres públicos em R$ 9,7 mil. Um jato executivo não ficaria por menos que R$ 100 mil. O governador do Rio de Janeiro usa helicópteros, combustível e funcionários públicos para levar familiares e empregados domésticos à casa de praia. Questionado, tem o desplante de dizer que é praxe e que todos usam tais regalias. Onde está o senso de utilização dos tributos, para os quais o povo brasileiro trabalha mais de 5 meses por ano? São detalhes que mostram a atitude dos governantes. No conjunto, a gastança governamental é da pior qualidade.
Demais, a corrupção mina a nossa autoestima. A precariedade da mobilidade urbana é uma tragédia. A falta de planejamento consistente tem produzido esqueletos de obras, dos mais variados tipos, paralisados por todo o País. A justiça brasileira é morosa, fazendo com que decisões judiciais sejam proteladas por vários anos. Todo o conjunto relatado faz com que aniquilemos preciosos recursos humanos e materiais, indispensáveis ao aumento da nossa produtividade. Necessitamos, não há dúvida, de uma vigorosa virada de mesa.