Cheguei à conclusão de que é possível um certo otimismo no Brasil, pois há um bom nível de compreensão da dramática situação do País. Qualquer que seja o novo governo, não há outra saída: é debelar ou debelar a catástrofe iminente nas finanças públicas. Estamos à beira do precipício. E mais do mesmo que tem sido feito, pelos últimos governos, nos fará despencar e haverá a bancarrota.
Os governos militares expandiram a infraestrutura com obras importantíssimas, que impulsionaram o crescimento. Criaram também muitas empresas estatais, mesmo contrariando uma tendência do que seria uma política liberal. É claro, terminou havendo gastos significativos em detrimento do equilíbrio fiscal. Os governos civis, por sua vez, apostaram nas demandas sociais, como educação e saúde, outrora negligenciadas, realizando gastos elevados. Acontece, porém, que a qualidade dos gastos no País nunca foi o forte das administrações. Desperdícios são uma constante.
Com o descontrole de gastos, a inflação disparava e eram concebidos os
conhecidos planos econômicos. Fracassaram todos, exceto o Plano Real, que foi bem concebido e funcionou por certo tempo. Em síntese, na história recente, foram erros seguidos de erros, com experiências monetaristas, sem cuidar do ajuste fiscal. Os déficits foram frequentes e sempre acompanhados de juros altos, para captação de recursos, uma bomba-relógio.
Não restam opções. O governante eleito terá que fazer intervenções cirúrgicas, sob pena de se instalar o caos econômico por meio de moratórias, calotes e suas consequências. Serão necessárias as reformas, a diminuição do tamanho do
Estado, privatizações em massa, eliminação do aparelhamento do Estado, lutar por
produtividade (fazer mais com muito menos), realizar a descentralização econômica,
transferindo recursos para estados e municípios, para que cumpram as principais
obrigações do Estado. Atualmente, recursos se perdem no trajeto devido à burocracia,
corrupção e desperdícios. Gasta-se muito e os resultados são pífios. O investimento
em infraestrutura, extremamente carente, precisa ser feito, o que ajudaria a dar emprego e aumentar a renda. Sobretudo, é preciso dar uma demonstração de austeridade e honestidade. A situação descambou tanto que os principais indicadores do País, como competência administrativa, educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, infraestrutura são lastimáveis. A vida foi banalizada ( pode um país conviver com 63 mil assassinatos por ano?). O próximo governante sabe que não tem margem para fracassar, principalmente nas finanças, pois todo o repertório de erros já foi cometido. É acertar ou acertar.
*Em colaboração com Rodrigo Coelho de Godoy
PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO 213