Tenho as melhores expectativas em relação ao novo governo. Reconheço que as dificuldades são enormes, principalmente o desequilíbrio das contas públicas. Como chegamos a uma situação de extrema gravidade com déficit na área federal e dívida crescente, com muitos estados e maioria dos municípios literalmente falidos, a reforma da previdência deverá ser aprovada, uma vez que é a principal sangria do erário. Serão entraves: o Congresso, pois há muitos eleitos vinculados ao esquema anterior e antigos devotos da prática do toma lá, dá cá; Movimentos ditos sociais e segmentos corporativos que lutarão para manter o status quo e privilégios. Estes entraves terão que ser superados. É claro que a redução de gastos que será conseguida com a reforma, com o enxugamento da máquina pública e do desaparelhamento do Estado, além da eliminação de gastos supérfluos, não será suficiente para sanear as finanças do País. É preciso buscar crescimento econômico expressivo para recuperar emprego e renda. Empregos acarretam geração de tributos, assim como a renda, pela possibilidade do aumento do consumo. Tem-se, então, o efeito virtuoso da elevação da arrecadação, com consequente benefício para todas as esferas federal, estadual e municipal.
Como não temos poupança interna significativa para investir no crescimento, dependemos de recursos externos para incrementar atividades industriais e de serviços, e até mesmo da agroindústria. São também extremamente importantes para viabilizar as privatizações e concessões. Isto será conseguido se o novo governo tiver habilidade e cacife político para realizar a reforma e outras iniciativas austeras acima exemplificadas. É fundamental implementar um programa de combate incansável à criminalidade, a fim de garantir a segurança pública. Será também imprescindível dar segurança jurídica aos investidores. Assim, terá o governo a credibilidade para convencer os parceiros externos a participar do esforço de recuperação do País. Espero que isto aconteça para termos sucesso na captação de recursos, pois existe excesso de liquidez no mundo à espera de bons projetos.
A minha maior esperança é que haja um combate implacável à corrupção. Foi tão praticada que ficou banalizada. Com a impunidade ainda reinante em determinados segmentos, tem-se a impressão de que o crime compensa. Anseio fortemente que a ética seja um imperativo nos novos relacionamentos institucionais e interpessoais. Neste particular, empresários e entidades cristãs têm o dever de lutar para que haja mudanças de comportamento antiético das pessoas. Uma constatação já me deixa feliz por não mais ser prioridade na agenda do dia a dia. Parece que, para desviar a atenção da população, lançaram-se à discussão, nos últimos tempos, temas diversos como aborto, ideologia de gênero, negligência na conservação ambiental, entre outros, alguns deles no contexto de uma pauta gramscista. Ora, no item ambiental, o Brasil é campeão mundial da preservação, segundo estudo sério da Embrapa. Enquanto as discussões tomam corpo, a gravidade da situação das contas sai do foco da maioria das pessoas. Por outro lado, tem me incomodado, os desencontros dos principais dirigentes na difusão de informações e sucessivos desmentidos. Que isto seja passageiro! Também chama a atenção o currículo dos integrantes da equipe: na maioria, encontra-se algum fato desabonador. Tem-se a impressão de que é difícil encontrar pessoas de conduta ilibada. Outro fato: qualquer parente ou amigo nomeado, embora com méritos, provoca alvoroço. É como se o País tivesse recursos humanos competentes e sem qualquer vínculo com a atual administração em abundância, de forma a possibilitar um recrutamento amplo.
Em resumo, mantenho grandes esperanças quanto ao futuro e espero sinceramente que a ética e a solidariedade sejam inspirações, principalmente quando se leva em conta que o Brasil tem uma maioria dita cristã. Precisa viver esta realidade!
PUBLICADO PELA ADCE-ASSOCIAÇÃO DE DIRIGENTES CRISTÃOS DE EMPRESAS- MG- 21/1/19