Autor: José Martins de Godoy

Como gerir sua empresa

Quando pessoas se unem para criar uma empresa, é normal que estejam plenas de boa vontade. Por isso, às vezes,  não recorrem a especialistas para  elaborar instrumentos societários que previnam problemas futuros. Com o tempo, dissensões aparecem e os instrumentos jurídicos não ajudam a dirimir  disputas.  Na minha opinião, ao terem a intenção  de formar uma sociedade, convoquem um advogado competente e de confiança, aprendam com ele o essencial da legislação, discutam em profundidade os objetivos que têm em mente e construam um instrumento robusto para facilitar a governança da empresa. Não se deve delegar a tarefa a apenas um futuro sócio para evitar ideias preconcebidas. Todos devem participar e atingir o consenso. A governança  é, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), “o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle”. O IBGC criou o Código de Boas Práticas, que  funciona como verdadeiro manual para as empresas e contribui para o estabelecimento de  melhores sistemas de governança nas organizações. As recomendações principais são: transparência das informações de uma gestão;  equidade no tratamento de quotistas/acionistas;  prestação de contas; e  responsabilidade corporativa. Chamaram-me a atenção as recomendações sobre as relações Assembleia de Sócios/Conselho de Administração/Diretoria. A Assembleia de Sócios é órgão soberano. A lei assegura a esse órgão as decisões  estratégicas da empresa, tais como...

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Perda de conhecimentos em gestão

Pesquisa realizada nos EUA pela empresa de consultoria LHH/BDM afirma que empregados não estão recebendo  informações  necessárias para atingir metas e assinala que não há diferença entre  a realidade  nos EUA e no Brasil.  Julguei que estaríamos numa posição melhor. Na FCO-Fundação Christiano Ottoni/UFMG, de 1985 a 1998, conduzimos um programa de gestão pela qualidade de dimensões inimagináveis. A parceria  da JUSE-União Japonesa de Cientistas e Engenheiros   nos possibilitou a captação e difusão de conhecimentos, com a participação de seus especialistas  e  de outras instituições japonesas. Tivemos a ajuda dos Srs. Junji Noguchi ( Diretor Executivo da JUSE), Ichiro Miyauchi, Minoru Kamikubo, Masao Umeda, Mitsunori Nakano, Masuo Suyama, Yoshio Shima, Akio Shiwaku, Kenishiro Kato e Tadashi Ohfuji no treinamento do nosso pessoal, na elaboração de material didático e na prestação de consultorias. Treinamos cerca de 300 mil executivos e instrutores internos de empresas( esses instrutores reproduziram os treinamentos para milhares de pessoas); elaboramos 82  livros-textos e  muitas apostilas sobre assuntos específicos, editados pela editora da FCO. Foram vendidos milhões de exemplares desses textos e algumas  empresas os reproduziram internamente para todos empregados; realizamos 33 missões técnicas ao Japão, com a participação de 1100 técnicos brasileiros; realizamos  8 grandes seminários em MG,RS,BA e SP, para difusão de importantes resultados alcançados pelas empresas parceiras.  Nos quatro seminários em SP, reunimos cerca de 3.000 mil técnicos por seminário; a partir de 1990,...

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Quero ver na Copa

Quando tomo um táxi, causa-me impaciência ouvir a frase “Quero ver na copa”. Não estou preocupado com a copa! Não haverá grandes mudanças na cidade até lá, mas darão um jeito. Nos jogos, decretarão feriado, as vias serão transformadas em faixa única na ida e volta para o estádio. Nos outros dias, os turistas (se é que haverá turistas com a crise que tende a se agravar na Europa) passarão pelos mesmos percalços do nosso dia a dia, mas não estarão sob pressão de horários. Quanto a nós, temos que viver em uma cidade caótica, sem perspectiva de melhorias importantes. Do Belvedere a Confins, gasta-se uma hora, mas dependendo do horário mais de duas. Para diminuir o tempo, pode-se tentar o anel rodoviário, o que é uma aventura. Pode acontecer acidentes de grandes proporções, como nos últimos meses. Há mais de três anos, não passo pelo anel, pois já perdi voos, fiquei estressado por causa de grandes retenções e medo de acidentes. A propósito, estamos vivendo o período eleitoral. Alguma novidade? O mesmo despreparo, discursos vazios e demagógicos. Não apresentam sólidas propostas de melhorias do trânsito, p.ex., como já foi feito em grandes cidades no exterior. Sobre a matéria, poderiam inspirar-se no ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa , analisando o ele que fez para melhorar o trânsito e qualidade de vida (implementando soluções inteligentes) naquela cidade. Aqui, ao contrário,...

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Sustentabilidade: por que não deslancha

Após uma palestra, fui perguntado sobre a razão pela qual a sustentabilidade não sai do papel, apesar de grandes discussões como as Conferências da ONU, Estocolmo 1972, Rio ECO-92 e Rio+20. Na década de 80, a ONU nomeou a ex- primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Bruntland, que produziu o Relatório denominado “Nosso Futuro Comum”, concluindo que o desenvolvimento deve ”satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades”. Hoje há a consciência de que a sustentabilidade envolve questões sociais, energéticas  e ambientais. A questão é complexa. Países ricos cresceram materialmente utilizado de forma desregrada recursos naturais, devastando, degradando e poluindo.  Agora relutam em baixar o nível de seu “bem estar” para cuidar dos passivos existentes. Países pobres, principalmente os emergentes, tentam desenvolver-se com a adoção de práticas semelhantes, pois é oneroso  cuidar dos temas atinentes à sustentabilidade. Daí, o impasse. Entendo que, sem o consenso, o motor para a mudança deve ser o cidadão. E isto se daria por meio da educação. Não me refiro à instrução, pois há muita gente instruída, da classe privilegiada, mal educada. No bairro de classe média alta em que moro motoristas  avançam sinais de trânsito e buzinam insistentemente atrás de quem está mantendo o limite de velocidade; síndicos  determinam a  limpeza de passeios de pedras portuguesas, gastando água potável, energia elétrica e trabalho humano, além...

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Ó meu Brasil, e agora?

Morei  na Noruega  durante três ano cursando o doutorado.  Respondia a perguntas sobre futebol, carnaval, desigualdades sociais, pobreza, favelas e também sobre supostas matanças de índios.  As perguntas eram quase censuras. Como  entender um país de dimensões continentais, com tantos recursos  e  tantos problemas?  Estaria em mãos erradas? Ao terminar o doutorado, ofereceram-me o pós-doutorado. Agradeci. Tudo aqui está pronto e no Brasil quase tudo está por fazer. Devia voltar e ajudar no que me coubesse. Iniciei  na UFMG em 1972 com o firme propósito de contribuir para que a pós-graduação em metalurgia, recém-criada, alcançasse nível de excelência  e, como consequência, acarretasse a melhoria  da graduação. Nos anos seguintes houve o término do regime militar e redemocratização,  sem avanços  sociais muito significativos. Felizmente, foram feitos  investimentos na área de energia (Itaipu, Tucuruí e outras), o que garantiu insumo básico para o futuro.  A inflação foi sempre  grande entrave para visões otimistas de futuro. O período  FHC  deu-nos novas  perspectivas. Estabilização da moeda,  lei de responsabilidade fiscal, metas de inflação, privatizações, universalização do ensino público, o Proer, entre outras medidas.   Começamos a ter um País sério. Pela sua  formação esmerada e postura de estadista, o Presidente representou-nos   brilhantemente  no exterior. Infelizmente, não foi feito  planejamento, um robusto projeto de desenvolvimento para o país, cuja continuidade na condução fosse imperiosa ao sucessor. Os seis anos seguintes  foram de abundância. Com cenário...

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